Com domicílio eleitoral em Gavião Peixoto, Paulo Rodrigues Vieira, o Paulinho, intermediava interesses e mantinha contato em Araraquara e região para angariar apoio para uma futura candidatura a deputado
Data: 30/11/2012, às 06h46
Paulo Vieira Rodrgiues, o Paulinho, na Usina Hidrelétrica de Gavião PeixotoPaulo Rodrigues Vieira, ex-diretor de Hidrologia da Agência Nacional de Águas (ANA), preso pela Polícia Federal (PF), na última sexta-feira (23), durante a Operação Porto Seguro, teve uma forte atuação na região.
Além de Paulo, a PF também prendeu seus irmãos Rubens Carlos Vieira, ex-diretor de Infraestrutura Aeroportuária da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac); e Marcelo Rodrigues Vieira, empresário. As investigações começaram com um inquérito civil público para a apuração de improbidade administrativa. O ex-auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), Cyonil da Cunha Borges de Faria Júnior revelou ao Ministério Público Federal que lhe foram oferecidos R$ 300 mil para que elaborasse um parecer técnico a fim de beneficiar um grupo empresarial do setor portuário que atua no Porto de Santos, em um contrato com a Companhia Docas de São Paulo (Codesp).
Segundo apontam as investigações, a atuação de Paulo Vieira, conhecido nos bastidores como Paulinho, vai além do cargo na Agência Nacional de Águas. Auditor de carreira da Controladoria Geral da União (CGU), foi secretário do Ministério da Educação, onde começou a se projetar politicamente, adquirindo contatos importantes através dos quais descobriria sua maior habilidade: intermediar interesses no centro do poder.
Atualmente, segundo informações levantadas com exclusividade pelo SIM!News, Paulinho angariava apoio para viabilizar sua candidatura a deputado estadual em 2014. Filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) no diretório de Gavião Peixoto desde 2003, chegou a ser candidato a vereador naquele município no ano seguinte, mesmo sem residir na cidade. O resultado, no entanto, não saiu como esperado. Gastou muito dinheiro, foi o mais votado do partido na ocasião, mas os 55 votos que recebeu (1,88% do total dos votos válidos) apenas o colocaram na primeira suplência.
Depois das eleições de 2004, Paulinho manteve domicílio eleitoral em Gavião Peixoto, mas não morou na cidade. Visitava amigos regularmente e, nessas passagens, Araraquara, cidade em que mora a família de sua esposa, era destino obrigatório.
Para não perder a viagem, usava sua influência em Brasília para intermediar favores na cidade e região. Traficava influência, intermediava interesses e preparava o terreno para sua tão sonhada candidatura à Assembleia Paulista. Participou de muitos acordos partidários e foi o responsável, por exemplo, pela recente destituição da Executiva Municipal do Partido da República (PR) de Araraquara, uma vez que se tornou um dos homens de confiança do deputado federal Valdemar Costa Neto, movendo o partido no Estado de São Paulo aos interesses de seu grupo.
A última vez
No sábado, 17 de novembro, esteve pela última vez em Araraquara, onde almoçou com lideranças políticas em uma das mais conceituadas churrascarias da cidade. Antes de ir embora, circulou com sua Land Rover pelas ruas da cidade. No feriado de 20 de novembro, visitaria Gavião Peixoto e outras cidades da região pela última vez, com o intuito de amarrar mais apoio político. Três dias depois, seria preso pela Polícia Federal, que apreendeu também seu carro importado e colocou um ponto final em seu esquema – cujas ramificações começam a ser reveladas.
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