Patrícia perde para o câncer, mas Arthur luta pela vida
Mãe morre uma semana depois de o filho nascer; campanha pede ajuda para pagar hospital
Entre a vida e a morte, Patrícia escolheu a vida. Mas não a dela, e, sim, a de Arthur, o filho. Ele nasceu prematuro e em meio a um tratamento contra o câncer.Patrícia Alves Cabrera, 27 anos, era funcionária pública e morreu na segunda-feira, em Araraquara, uma semana depois de Arthur nascer.
A família agora tenta conseguir ajuda para pagar o hospital, já que não tem plano de saúde.
Os primeiros sinais da doença apareceram em 2012, quando Patrícia retirou uma parte do seio. Logo depois do tratamento, conheceu o garçom Felipe Cabrera Padovani. “Ela mandou colocarem um guardanapo com um beijo de batom no meu bolso”, lembra Felipe.
Entre namoro e casamento, foi menos de um ano. E neste intervalo de tempo, o câncer voltou e atingiu outros órgãos vitais de Patrícia, como o fígado.
Foi já na segunda sessão de quimioterapia que Patrícia descobriu que estava grávida. Optou por suspender o tratamento contra o câncer, que inviabilizaria a gestação.
“Ela foi ao ginecologista e saiu de lá com a foto do ultrassom do bebê. Em nenhum momento passou pela nossa cabeça interromper a gravidez.”
A gestação seguiu até dia 14 deste mês, quando Arthur nasceu, com 26 semanas. “Tecnicamente inviável sobreviver com tão pouco tempo”, atesta Elias Zakaib, obstetra responsável pelo parto. Mas Arthur segue lutando pela vida na UTI Neonatal do Hospital São Paulo. “Colocamos uma foto dela na incubadora, para ele saber quem foi a mãe dele”, conta o pai.
Tratamento
Logo depois do nascimento de Arthur, Patrícia voltou para o Hospital do Câncer de Barretos, onde fazia tratamento, desde antes de saber da gravidez. Segundo o médico Zakaib, ela teve um pós-operatório satisfatório.
“Mas o fígado já estava comprometido. O tumor cresceu muito rápido e ela ficou muito fraca”, diz o obstetra.
Patrícia morreu segunda-feira, nos braços do marido e da mãe dela; antes, foi ao hospital e viu o filho.
“Antes de dar um último suspiro, uma lágrima escorreu de seu rosto. Para mim, foi como se ela dissesse: eu tentei, mas não consegui”, relata Felipe. É que Patrícia jurava para o marido que sairia curada do hospital antes do filho.
Família faz campanha na internet
Familiares e amigos de Patrícia Alves Cabrera estão fazendo uma campanha no Facebook (clique aqui para acessar a página) para arrecadar dinheiro e pagar o hospital onde Arthur segue internado na UTI Neonatal. Como nasceu com menos de 7 meses, tem de tomar medicamentos para desenvolver os órgãos internos, como os pulmões.
Sem plano de saúde, a família está tendo de arcar com as despesas, que sobem dia a dia. Além de estar na incubadora, Arthur precisa receber alimentação especial.
A campanha é organizada pela amiga de Patrícia, Andréa Araújo. A página já tem mais de 13 mil visualizações. “Se cada um que entrar contribuir com um pouquinho, com trabalho de formiguinha, conseguiremos juntar o dinheiro necessário”, diz Felipe.
Solidariedade
Quem quiser colaborar e ajudar a pagar o hospital é só depositar qualquer quantia no Bradesco, agência 2710 - conta 172666-8.
Patrícia lutou muito contra o câncer. Primeiro fez tratamento em Araraquara e, com a interferência de amigos, conseguiu uma vaga no Hospital de Câncer de Barretos. A amiga Andréa Araújo diz que, por conta do tratamento, Patrícia não menstruava havia dois anos. “Ela achava que não iria engravidar, ainda mais no meio de uma quimioterapia”, diz.
A decisão de interromper o tratamento foi dela e dos médicos do hospital. “O tumor estava controlado e ela não queria comprometer a saúde do bebê”, lembra. Mas não foi isso o que aconteceu. As dores nas costas voltaram e os exames mostraram que houve metástase e órgãos vitais já estavam comprometidos. Patrícia morreu assim que terminou a primeira sessão de quimioterapia, após retomar o tratamento, prestes a completar 28 anos, no próximo mês.
Tribuna Impressa- Raquel Santana
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