VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
da Folha de S.Paulo
da Folha de S.Paulo
Estudo do governo de São Paulo divulgado ontem mostra que a capital é uma das piores cidades do Estado em condições de vida para os idosos.
Dos 645 municípios paulistas, a cidade de São Paulo está na 503ª posição, com 38 pontos numa escala de zero a cem.
Para a dentista Helena Baitz, 66, o que São Paulo oferece para os idosos é "um horror". "Eu me reúno com grupos de amigos para cantar e nos divertir, mas é um grupo. A maioria dos idosos tem mais motivos de insatisfação que de alegria", diz.
O índice do estudo leva em conta mortalidade precoce dos idosos, acesso à renda e participação em atividades culturais e esportivas, por exemplo.
Entre as dez maiores cidades do Estado, apenas uma -São José dos Campos- tem índice considerado alto pelo governo.
As outras nove têm pontuação em torno de 50 ou abaixo.
Editoria de Arte/Folha Imagem | ||
"Se as cidades não fizerem nada, será uma bomba-relógio em todas as áreas", afirma o secretário, Rogério Amato.
Para Wilson Jacob Filho, professor titular de geriatria da Faculdade de Medicina da USP, as cidades menores são melhores em qualidade de vida para os idosos. Segundo diz, em todo o mundo os índices mais altos de longevidade não estão em megalópoles como São Paulo.
"A cidade foi se transformando num ambiente hostil e não acolhedor a um idoso que tem algum grau de limitação", afirma. "Nas cidades pequenas, as coisas são mais próximas, o idoso transita com facilidade. Além disso, na capital os familiares dos idosos são comprometidos com o trabalho. No interior sempre tem alguém mais perto para cuidar do idoso."
Bailes e ginástica
Silva Junior/Folha Imagem |
Orildes José Firmino beija Marcília Naves no Parque Ecológico de Santo Antônio da Alegria; casal começou namoro há 10 anos |
Ontem, Donária acordou uma hora mais tarde, às 4h, porque na véspera ficara até a meia-noite assistindo ao jogo do São Paulo, seu time do coração. "É que às 7h já tinha de estar na aula de ginástica e, antes disso, precisava fazer muita coisa aqui em casa", disse. Antes de se exercitar no Centro de Convivência do Idoso, ela arrumou a casa, passou e lavou roupas e alimentou as galinhas.
Mas é aos sábados, dia de baile no CCI, mantido pela prefeitura, que a vitalidade dela se destaca. Donária é apontada pelas colegas como uma das mais animadas. "O que tocar eu danço. Bolero, valsa, forró", diz.
O casal Orildes José Firmino, 77, e Marcília Naves, 68, redescobriu o prazer de namorar há dez anos. Viúvos, resolveram tentar um novo relacionamento. Hoje, elogiam a tranquilidade da cidade e frequentam as aulas de ginástica e o forró.
Colaborou GEORGE ARAVANIS, enviado especial a Santo Antonio da Alegria
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