Altino Arantes entre Batatais e Altinópolis vive um julho mortal com vítimas
A Altino Arantes registra em um semestre a soma do número de vítimas fatais de dois anos.
“Não vejo a hora de julho terminar”, confessa Marcelo Aparecido Souza Júnior, de 14 anos, que mora em um conjunto de chácaras entre o trecho de Altinópolis e Batatais da rodovia Altino Arantes.
O pedido faz sentido: a pista registrou 12 mortes somente este mês. Por conta disso, em 2013 já há o mesmo número de vítimas fatais dos dois últimos anos somados. O A Cidade percorreu a rodovia e não encontrou fatores, como buracos ou curvas acentuadas, que expliquem a explosão de mortes neste mês. Mas quem frequenta o local tem a resposta na ponta da língua.
“É a imprudência”, explica o frentista Lucas Fernandes, que trabalha em um posto no trecho entre Sales Oliveira e Orlândia.
Ele diz que há duas semanas, por exemplo, uma van caiu em uma valeta. Motivo assumido: sono ao volante.
Se a imprudência sempre existiu, por que só agora houve aumento de mortes? “Foram casos pontuais, coisa do destino mesmo”, responde Valdir Rodrigues, motorista de guincho do DER (Departamento de Estradas e Rodovias).
Ele diz que seu trabalho varia: em alguns dias socorre até cinco motoristas em seu turno, em outro não é sequer acionado.
“O problema é que alguns motoristas não dão valor à vida. E quando ocorre uma colisão frontal, é morte na certa”, afirma.
Experiência
Vagner Pereira do Santos, de 22 anos, mora ao lado da rodovia na entrada de Batatais. “É preciso urgentemente colocar redutores de velocidade, mais radares e maior fiscalização policial”, afirma.
Ele é primo de Lucas Nascimento, de 22 anos, que dirigia o Gol que bateu em um caminhão após a Festa do Leite, matando quatro pessoas. “Parece que o problema foi o álcool”, diz.
Três meses antes, Vagner já havia provado o perigo da rodovia. Um ônibus errou a rotatória de entrada da cidade e entrou na contramão, colidando com um carro.
“Ajudei a retirar os passageiros, por sorte ninguém se feriu com gravidade”, afirma o jovem.
E, há duas semanas, ele viu um Honda Civic capotar bem na sua frente, após uma ultrapassagem mal sucedida – o condutor não se feriu.
“As mortes desse mês poderiam ter acontecido em qualquer outro lugar. É preciso mais cuidado”, diz.
Estado alega desrespeito
Em nota, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) informou que irá reforçar a sinalização da Rodovia Altino Arantes e que solicitará maior fiscalização da Polícia Militar Rodoviária. “Grande parte dos acidentes é ocasionado por atos imprudentes ao volante e pelo desrespeito às leis de trânsito”, disse o DER.
O DER afirmou também que está monitorando a via e que o governo estadual está licitando radares fixos para algumas rodovias, mas não foi definido se al- gum será instalado na Altino Arantes.
A rodovia está recebendo obras como recapeamento, com conclusão total prevista para outubro de 2013, em um investimento de R$ 71,9 milhões do estado.
O Policiamento Rodoviário possui uma planilha detalhada com os acidentes de cada rodovia da região, e produz um relatório após acidentes fatais para identificar as causas e tomar as medidas necessárias.
De acordo com o capitão Roberto Bassi, relatórios dos acidentes recentes apontaram imprudência dos motoristas.
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