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terça-feira, 30 de julho de 2013

MELHOR E PIOR INDICE DE IDH DA REGIÃO ESTÃO HÁ 33 KM

30/07/2013-05h42

Melhor e pior IDH da região de Ribeirão Preto estão a 33 km de distância

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO
 
A história da ex-cortadora de cana hoje desempregada Rozeli Domingos Ferreira, 45, da cidade de Boa Esperança do Sul (301 km de São Paulo), traduz o retrato da educação do Brasil.
Filha de agricultores, a caçula de nove filhos só estudou até a 4ª série. Alguns irmãos são analfabetos. "Aos 11 anos meu pai me deu um facão para cortar cana. Não estudei mais por falta de oportunidade." 
Separada de Boa Esperança do Sul por apenas 33 quilômetros está Araraquara (273 km de São Paulo). As duas cidades têm, respectivamente, o melhor e o pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) na região de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).
Edson Silva/Folhapress
A desempregada Rozeli Domingos Ferreira, 45, que estudou apenas até a 4ª série, em sua casa em Boa Esperança do Sul (SP
A desempregada Rozeli Domingos Ferreira, 45, que estudou apenas até a 4ª série, em sua casa em Boa Esperança do Sul (SP
O índice, fruto de pesquisa da ONU divulgado nesta segunda-feira (29), considera em uma escala de 0 (ruim) a 1 (ideal) o quanto os níveis de educação, renda e longevidade dos moradores afetam a qualidade de vida nas cidades.
SALTO
Apesar dos extremos, as 82 cidades da região de Ribeirão tiveram um salto significativo no IDH, que utiliza dados de 2010, se comparado ao índice de dez anos atrás.
Em 2000, nove cidades tinham IDH baixos (entre 0,500 e 0,599), 65 nível médio (0,600 e 0,699) e apenas oito IDH alto (0,700 a 0,799).
O novo índice revela que não só não existem mais municípios na região com IDH baixo como três cidades se despontam com patamares muito altos, acima de 0,800: Araraquara, São Carlos e Ribeirão (veja quadro acima).
Com 0,815, Araraquara é a 7ª cidade com o melhor IDH do Estado. A maior expectativa de vida e o aumento da renda média do cidadão foram os itens que mais responderam pelo bom desempenho no novo IDH.
Apesar do foco no setor de serviços, o emprego na indústria cresceu na última década e provocou impacto na economia. A Cutrale, uma das maiores e mais tradicionais indústrias, emprega hoje 700 pessoas só na fábrica e chega ao pico de 18 mil na microrregião ao longo do ano.
O prefeito de Araraquara, Marcelo Barbieri (PMDB), atribui à alta do IDH aos investimentos na educação. "Investimos mais de 30% do orçamento nessa área. E ampliamos a rede de creches." Apesar desse desempenho, a cidade vive uma crise financeira (leia texto abaixo).
Em Boa Esperança do Sul, a educação teve melhoras nos últimos dez anos, mas não suficientes para impactar o índice de desenvolvimento. A cidade alcançou IDH 0,681, considerado médio.
Diretora de serviços na área de finanças da prefeitura, Marli Romano Santos vê na dificuldade de gerar renda uma das explicações para o baixo resultado do IDH.
A economia se baseia na agricultura. A maioria atua na cana-de-açúcar e laranja ou no setor de serviços.
"Temos poucas indústrias. A cidade não atrai mais talvez por estar longe de grandes centros e não ter mão de obra especializada", disse.
Rozeli, mesmo, nunca trabalhou em um ofício que não fosse braçal. Além da cana, foi colhedora de laranja.
Hoje depende de R$ 380 do Renda Cidadã, subsídio estadual, para viver. Ela diz se achar velha para voltar a estudar, mas põe esperanças na caçula de 14 anos. "Quero que ela termine os estudos."

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