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domingo, 14 de abril de 2013

BALEIA GARANTE PMDB AINDA MAIS FORTE EM 1016

14/04/2013-02h33

'PMDB vai ter candidato em Ribeirão Preto em 2016', diz Baleia Rossi

LUÍS EBLAK
EDITOR DA "FOLHA RIBEIRÃO"
JOÃO ALBERTO PEDRINI
DE RIBEIRÃO PRETO
 
O presidente do PMDB no Estado de São Paulo, deputado estadual Baleia Rossi, disse que o partido tem a intenção de lançar candidato a prefeito de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) nas próximas eleições, em 2016.
Mesmo ressaltando que é cedo para pensar no próximo pleito municipal, disse em entrevista à Folha que a ideia do partido é ter um nome para a disputa, o que não ocorre desde 2004, quando ele próprio chegou ao segundo turno --e foi derrotado pelo hoje também deputado Welson Gasparini (PSDB).
"Depois de duas eleições indicando o vice, a pretensão é lançar candidato a prefeito." Ele nega ser postulante ao cargo e afirma que será candidato a deputado federal em 2014.
Leia abaixo a íntegra da entrevista.
Márcia Ribeiro/Folhapress
Deputado estadual Baleia Rossi, presidente do PMDB em São Paulo, durante entrevista em Ribeirão Preto
Deputado estadual Baleia Rossi, presidente do PMDB em São Paulo, durante entrevista em Ribeirão Preto
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Folha - Como o senhor avalia o desempenho do PMDB nas últimas eleições?
Baleia Rossi - Tivemos um crescimento positivo. Nos mantivemos ou conquistamos cidades importantes como Bauru, Araraquara, Guarujá, Rio Claro, Indaiatuba, Ribeirão Pires e São Caetano do Sul. Fizemos um trabalho de, primeiro, valorizar as lideranças tradicionais do partido. É um partido enraizado na história, que participou de questões extremamente importantes não só no Estado, mas nacionalmente. Tivemos a redemocratização. A figura do Ulisses [Guimarães] foi muito presente, temos uma militância tradicional, que nós procuramos valorizar e prestigiar. Mas também tivemos uma atitude de abrir o partido para novas lideranças. Ao mesmo tempo que valorizamos quem já militava, trouxemos gente nova. E conseguimos num curto espaço de tempo sair de 52 vice-prefeitos na eleição anterior [2008] para 80 no ano passado em todo o Estado. De 69 prefeitos eleitos em 2008 pulamos para 90 em 2012. Temos ainda 700 vereadores. O partido se consolidou como a terceira força. Foi uma reconquista importante.
E qual o cenário para as próximas eleições?
O partido tem de ter um candidato a governador para poder apresentar uma proposta do PMDB para São Paulo.
Quais os nomes do partido que podem concorrer?
Temos vários nomes de expressão, mas quem já se colocou como pré-candidato foi Paulo Skaf, presidente da Fiesp. Ele tem um trabalho bastante interessante, de credibilidade junto à comunidade. É visto como uma boa liderança. Conseguiu capitalizar a redução do preço da energia e tem feito boas sugestões para a economia do país. Mas o que existe é que o PMDB vai ter candidato a governador.
Já está definido?
Sim. Para nós é importante porque queremos ampliar a participação do partido. O crescimento que tivemos de prefeitos e vices deve se refletir também na bancada de deputados, porque há quatro anos o PMDB foi um desastre. De 94 deputados estudais, elegemos cinco. De 70 federais, elegemos um. A meta é termos pelo menos dez estaduais e sete federais na próxima eleição.
Por que o desempenho foi tão baixo?
Por uma soma de fatores. Primeiro, porque não tivemos uma candidatura ao governo de São Paulo. Segundo, porque a gente veio de eleições não positivas. O partido estava com dificuldade de se comunicar, de se inserir na comunidade, de realmente fazer uma proposta para o Estado. E terceiro, porque nós tivemos uma chapa muito fraca. Não houve uma preocupação de cada região lançar candidato. O voto distrital hoje não existe no Direito, na Constituição, mas o povo já faz isso. Não adianta você pegar um candidato de Presidente Prudente para ter voto em Ribeirão, nem de Ribeirão para ter voto em Prudente. Quer dizer que se o partido não se organizar regionalmente, ele não terá sucesso. E foi o que aconteceu com o PMDB. Tivemos um alto índice de não fidelização das lideranças políticas, quer dizer, lideranças do PMDB apoiaram candidatos de outros partidos. O PMDB perdeu muitos companheiros, foram para outros partidos. Aí o partido ficou fragilizado. Então, se conseguirmos manter 10% na bancada federal e 10% na bancada estadual, é uma boa meta.
Nas próximas eleições o senhor será candidato a deputado federal?
Sim. Já estou trabalhando internamente no partido e o pessoal tem feito apelos para que eu saia a federal. Minha pretensão é essa.
O partido terá quantos candidatos a deputado estadual e federal?
Aprovamos uma resolução na última reunião estadual em que cidades maiores, principalmente com mais de 200 mil habitantes, terão obrigatoriamente de lançar um candidato a deputado estadual e um candidato a deputado federal. Na região, isso deve ocorrer em Ribeirão Preto, Franca, São Carlos, Araraquara e Barretos. Só aí vamos ter cinco candidatos a estadual e federal. Já ganhamos densidade. E também preparamos as lideranças para um embate nas eleições municipais. Se um candidato a deputado tiver um desempenho positivo na cidade dele, se não ganhar, estará preparado para ser candidato a prefeito. Aí teremos um crescimento do partido.
É uma nova estratégia do PMDB?
Sim. A ideia é que cada presidente de diretório já indique quem são os pré-candidatos, porque se houver negativa da liderança municipal a gente tem julho, agosto e setembro para buscar nomes que possam participar das eleições [de 2014].
Quais foram as bases do acordo PMDB-Dárcy?
Não tivemos nenhuma mudança na composição da outra eleição para essa. O PMDB manteve a parceria, manteve o vice, o que foi extremamente importante para mostrar a união. E quanto à participação que tem no governo, também não houve mudança. Não ampliamos o espaço do PMDB e ele também não diminuiu.
O PMDB terá candidato na próxima eleição municipal, em 2016?
Claro que, depois de duas eleições indicando o vice, a pretensão do partido é lançar candidato a prefeito. É que está muito cedo para você pensar em eleição municipal, mas a ideia do partido é essa [lançar candidato].
O senhor seria uma opção?
Não. É claro que essas coisas dependem muito da circunstância, do momento. Agora, por exemplo, temos dois pré-candidatos a deputado estadual em Ribeirão Preto, os vereadores Leo Oliveira e Samuel Zanferdini. Se eles não fizerem uma composição para um apoiar o outro, o que vamos fazer? Nós vamos lançar os dois. O partido não vai tolher a possibilidade de um deles sair candidato a deputado. Ainda mais agora, neste momento em que nós estamos abrindo o partido, exigindo que outras cidades também lancem candidatos. Seria muito ruim para o partido proibir que algum dos dois não seja candidato. São dois vereadores extremamente bem votados. Mas pode haver uma composição ainda.
São nomes para concorrer à prefeitura?
Claro.
E o vice-prefeito, Marinho Sampaio? Também?
Também é um nome importante do partido. Seria até um candidato natural, mas depende de muitas coisas. A candidatura depende bastante da vontade pessoal. Não é uma coisa que o partido pede, tem de querer muito ser prefeito. Acho que a próxima eleição vai ser um bom termômetro para uma análise posterior de nomes. Podemos começar a amadurecer isso. Acho que por enquanto está tudo muito cru ainda.
Como está a relação com a prefeita Dárcy Vera? Antes mesmo da cassação dela, alguns nomes do PMDB fizeram críticas públicas ao governo. O próprio vice-prefeito expôs um racha, que foi divulgado pelo jornal "A Cidade". O vereador Zanferdini está fazendo várias críticas em sessões da Câmara, ele e o vereador Leo votaram contra o aumento do IPTU. Como está essa relação?
A relação institucional é muito tranquila, porque o PMDB em nenhum momento quis negociar com a Dárcy aumento de espaço no governo. Isso não ocorreu mesmo. Não teve nenhum pleito nesse sentido, nem os vereadores nunca quiseram exigir um espaço maior. Agora, tivemos um episódio muito marcante que foi a posição do Zanferdini e do Leo contra o aumento do IPTU. Esse fato acabou criando um mal-estar. Porém, foi uma questão muito pontual. Se você pegar os quatro anos de governo, nós tivemos só esse problema.
O Zanferdini tem batido na tecla do Daerp, fazendo críticas ao órgão. O presidente da Câmara, Cícero Gomes da Silva (PMDB), está muito crítico à saúde...
Mas aí são questões não partidárias. São questões do exercício do mandato.
Mas essas críticas não eram feitas antes.
Mas a questão partidária está tranquila e claro que nós entendemos. E aí é um pouco a maneira com que a gente exerce a liderança do partido. E não é de hoje, é sempre. A gente não tem aquela perseguição. Não dizemos "olha, o enquadramento é esse, é o seguinte...". Temos de deixar as coisas se acomodar. Se o Cícero tem uma questão que é importante para o mandato dele, e que ele tem essa percepção na saúde, não vai ser o partido que vai convencê-lo do contrário. É uma questão de conversa com o Executivo. E acho que agora as coisas estão caminhando bem. Converso constantemente com os vereadores e acho que há um entendimento agora. Acho que essas últimas questões que ocorreram recentemente em Ribeirão Preto acabam atrapalhando a cidade, acabam prejudicando, fazendo com que as energias sejam gastas para coisas que não são objetivas para a cidade.
E que questões são essas?
A cassação foi um ponto que, para Ribeirão Preto, com certeza não foi positiva. Causa uma instabilidade política. E essa instabilidade acaba refletindo no todo, porque acho que isso também fragilizou um pouco essa relação com a Câmara. Foi uma novidade, cujo efeito final não foi positivo para a cidade.
O episódio do IPTU causou um desgaste com a Câmara e com a população.
O IPTU foi mais uma questão de relação prefeitura e Câmara. Foi um diálogo muito difícil. Teve toda uma comoção. Aí você tem essa discussão, vem a cassação, acaba criando um clima de instabilidade, que não é bom para a cidade.
Que nota o senhor dá para os cem primeiros dias de governo do segundo mandato da prefeita Dárcy Vera?
Como presidente estadual do PMDB posso até comparar com outras cidades. Eu acho que ela teve no começo deste mandato um dos melhores momentos de atuação. Foi para Brasília e conseguiu incluir Ribeirão Preto num plano de R$ 350 milhões do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Serão obras para preparar a cidade para o futuro. Hoje temos vários problemas, e com esses recursos serão solucionados. Mais do que isso, você consegue preparar realmente a cidade para o crescimento. Tivemos recentemente a presença do governador Geraldo Alckmin que anunciou o trevão [obras na interligação das rodovias Anhanguera, Abrão Assed, Antônio Machado Sant'Anna e Castelo Branco, na zona leste]. É uma grande obra, a maior [viária] do Estado de São Paulo. Isso também foi muito positivo. Fui lá no aeroporto e é algo que está saindo. A prefeita vive um bom momento. Está começando a frutificar o que ela plantou. Esse trabalho, essa luta, são conquistas. A vinda da Fatec (Faculdade de Tecnologia) para a Vila Virgínia é uma vitória. Eu daria nota nove para a Dárcy. Oito.
Nove ou oito?
Oito. Porque acho que temos que valorizar isso. Vejo as dificuldades dos prefeitos de outros municípios. São muito semelhantes, há os mesmos problemas. Acho que essas conquistas que ela teve, obras do governo federal, obras do governo estadual, vão dar uma condição diferenciada para Ribeirão Preto.
A prefeita cometeu um erro ao usar servidores públicos na campanha eleitoral do ano passado, que resultou na ação de cassação do mandato dela e do vice, Marinho Sampaio?
Eu acompanhei a eleição em Ribeirão Preto. E em outras cidades também. Aqui não vi essa presença [de funcionários em campanha]. Durante o expediente, com absoluta certeza, não. E agora, fora do expediente, finais de semana...
Pode?
Eu acho natural que alguém que ocupe um cargo de confiança expresse sua opinião política fora do horário de trabalho. Ninguém pode ser tolhido de ter opinião política.
A ação do Ministério Público diz que o servidor não pode fazer campanha nem estando de folga.
Eu não quero emitir opinião sobre decisão da Justiça, porque decisão da Justiça a gente cumpre. Mas quem é o detentor de mandato eletivo que se manteria no cargo hoje nas três esferas, municipal, estadual e federal [sem algum tipo de apoio]?
Essa participação de servidores durante campanhas eleitorais ocorre em todas as esferas de governo?
A pessoa tem um cargo de confiança, trabalha, tem suas funções. Mas ela está também num cargo político, então ela exerce a política, faz política, é um ser político. A pessoa tem opinião. Ela não pode ter tolhida essa condição de poder participar [do processo eleitoral]. É natural que pessoas tenham engajamento partidário, engajamento político. É natural que isso ocorra.
Uma matéria da Folha no ano passado mostra que a prefeita fez uma reunião para exigir que comissionados fizessem campanha.
Eu não tenho esses elementos, mas entendo ser absolutamente natural que as pessoas que trabalham em cargos de confiança, fora do exercício profissional, estejam engajados na questão política da cidade. Agora, não tenho conhecimento dessa reunião.
O senhor tem conhecimento se esse tipo de pressão ocorre no resto do país?
Tem uma relação natural de cumplicidade entre quem nomeia e quem é nomeado. Mas precisa de uma conversa desse tipo? Já é uma relação de confiança. Se precisar disso [de encontro para exercer pressão] alguém está falhando.
A estratégia do partido muda em Ribeirão Preto se a cassação da prefeita for confirmada em segunda instância?
Eu prefiro aguardar a decisão do Tribunal [TRE-Tribunal Regional Eleitoral] para fazer qualquer tipo de avaliação. Já conversei com a área jurídica da Dárcy e eles estão muito seguros de que vão conseguir provar que tudo foi legal.
O jornal "A Cidade" publicou uma notícia de bastidor envolvendo o vice-prefeito, Marinho Sampaio, sobre problemas com membros do partido que comanda hoje o Daerp (Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto), o PR. Há interesse do PMDB no órgão?
Nenhum. O Marinho, além de vice-prefeito é funcionário público municipal. Ele é da saúde, mas é muito acionado por diversos órgãos, portanto, acaba se envolvendo. É muito solicitado, participativo. Pode ser que tenha havido algum mau entendido. Marinho foi nomeado como secretário de Infraestrutura e sabemos da sua capacidade. Está fazendo a diferença lá, vai para a rua, motiva, não tem hora. Acho que foi uma escolha acertada da prefeita em colocá-lo na pasta, porque realmente ele está empenhado em melhorar o trabalho na secretaria.
As últimas denúncias envolvendo o nome de Gabriel Chalita [é alvo de acusações no Ministério Público por suspeitas de corrupção, enriquecimento ilícito e superfaturamento de contratos públicos], tido como um nome certo para ser candidato ao governo do Estado, atrapalharam os planos do PMDB?
O Chalita teve um desempenho muito forte e positivo como candidato a prefeito da capital. Ficou em quarto lugar, mas teve 13% dos votos. Com isso, o PMDB elegeu quatro vereadores em São Paulo. Teve uma bancada boa. A gente não tinha nenhum vereador na Câmara, agora tem quatro. Sobre esses episódios, o Chalita tem mostrado tranquilidade e tem rebatido cada acusação que é feita. Foram fatos ocorridos há oito, dez anos. Nós acreditamos que ele vá apresentar de maneira muito clara e contundente a sua versão dos fatos. Está muito recente para fazermos algum juízo de valor. Ele tem demonstrado, tem falado para o partido que vai esclarecer tudo e mostrar que está sendo vítima de alguém que quer prejudicar sua carreira.
E como o senhor analisa a corrida presidencial?
Na verdade acho que foi um pouco precipitada a antecipação da discussão eleitoral para a Presidência. A manutenção da aliança PT-PMDB já é consolidada e forte. O ideal seria manter as forças políticas que elegeram a presidenta Dilma. Acho ainda que o próprio PSB vai dialogar, principalmente com o ex-presidente Lula, que tem boa relação com o Eduardo Campos [governador de Pernambuco]. Ainda dá tempo de manter uma aliança.
O PMDB abre mão do vice?
Hoje existe uma união do partido em torno da manutenção do Michel Temer como vice da presidenta Dilma nas próximas eleições. Isso é unânime, isso não tem mais discussão.
 

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