Ela teria sido administradora de empresas caso tivesse seguido os conselhos de um ex-chefe. Mas decidiu seguir o sonho de menina: ensinar. Fez faculdade de Letras. Passou em um concurso público e optou por dar aulas em uma escola onde pudesse “fazer diferença”. O destino escolhido foi a escola estadual professor Sérgio da Costa – que, em 2008, foi considerada a pior escola segundo o Idesp (Índice de avaliação do governo). “Enquanto os políticos disputam minutos no horário político para impactar a sociedade, os 50 minutos que o professor tem em sala de aula precisam e devem fazer a diferença na vida dos alunos”, diz Sandra Modesto, 34.
A instituição, na época de Sandra, fazia parte das chamadas escolas de lata e trabalhava com turmas lotadas em quatro períodos diferentes. Preocupada em levar a leitura para os alunos e para comunidade do Tremembé – bairro de periferia da zona norte de SP –, a professora criou um projeto de leitura em que por meio de trechos de livros eram trabalhados conteúdos obrigatórios como gramática ou interpretação de texto.
O projeto se expandiu e os alunos passaram não apenas a ler os conteúdos de outros autores, mas também começaram a produzir os próprios textos. “Criamos um jornal quinzenal para que os alunos pudessem escrever colunas e artigos”, afirma. A iniciativa tomou corpo e outras turmas passaram a colaborar. Os alunos montaram uma equipe com chefe de redação, colunistas e repórteres. “Numa comunidade com leitura muito inferior a necessária, eu vi um grupo de crianças com 12 anos, em média, se tornarem os ídolos por escrevem sua história.”
No entanto, a maior experiência de Sandra foi, sem dúvida, a confecção coletiva de um livro inspirado em um dos artigos de seus alunos. Luan Cardoso, na época com 12 anos, escreveu um conto que encantou a professora. “Sugeri que ele transformasse o artigo em livro e ele riu: ‘Como posso professora? Sou pobre e tenho 12 anos.’” Aquilo foi o impulso que Sandra precisava para notar que havia uma barreira muito maior no processo de ensino: autoestima dos jovens.
O que era um mera ideia ganhou forma. O garoto se uniu a outros colegas da mesma idade, Matheus Mendes, Paulo Giordan e Thaís Mariano – que há mais de um ano não faz mais parte da trupe –, para escrever, coletivamente, o livro. Sob orientação de Sandra, a história foi sendo escrita em um caderno a oito mãos durante três meses. O resultado foi a publicação O Segredo dos Amuletos, com 186 páginas. Uma história de aventura inspirada nos ídolos dos jovens na época, Happy Potter e Senhor dos Anéis.
Os autores já participaram de duas últimas bienais do livro, em São Paulo, e da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), no Rio de Janeiro. Atualmente, cursando o ensino médio como bolsistas em colégios privados, os jovens estão escrevendo o terceiro livro da série, que pretende atingir a dez edições. “Muitas pessoas falam que a educação pública não dá certo, que o aluno não aprende e não quer aprender, que classes sociais não mudam. Eu não acredito nisso. Prefiro acreditar no meu trabalho”, diz.
De volta ao berço
Casada e mãe de três filhos, há um ano, Sandra aceitou o cargo de coordenadora pedagógica na escola estadual Pedro de Moraes Victor, perto da casa onde mora, na zona norte de SP. O convite teve um gosto especial. Voltar ao seu berço de estudos: Sandra foi aluna do 1o ao último ano do ensino fundamental. Hoje, como coordenadora, afirma estar confiante e segura com seu novo projeto. “Quando cheguei, a biblioteca estava desativada e os alunos chamavam a escola de Pedro ‘Maloca’. É um novo desafio e que estou instigada a vencer. Quero levar luz a quem precisa, dar a mão a esses professores e seguirmos unidos para aumentar a autoestima dos jovens”, afirma.
A instituição, na época de Sandra, fazia parte das chamadas escolas de lata e trabalhava com turmas lotadas em quatro períodos diferentes. Preocupada em levar a leitura para os alunos e para comunidade do Tremembé – bairro de periferia da zona norte de SP –, a professora criou um projeto de leitura em que por meio de trechos de livros eram trabalhados conteúdos obrigatórios como gramática ou interpretação de texto.
O projeto se expandiu e os alunos passaram não apenas a ler os conteúdos de outros autores, mas também começaram a produzir os próprios textos. “Criamos um jornal quinzenal para que os alunos pudessem escrever colunas e artigos”, afirma. A iniciativa tomou corpo e outras turmas passaram a colaborar. Os alunos montaram uma equipe com chefe de redação, colunistas e repórteres. “Numa comunidade com leitura muito inferior a necessária, eu vi um grupo de crianças com 12 anos, em média, se tornarem os ídolos por escrevem sua história.”
No entanto, a maior experiência de Sandra foi, sem dúvida, a confecção coletiva de um livro inspirado em um dos artigos de seus alunos. Luan Cardoso, na época com 12 anos, escreveu um conto que encantou a professora. “Sugeri que ele transformasse o artigo em livro e ele riu: ‘Como posso professora? Sou pobre e tenho 12 anos.’” Aquilo foi o impulso que Sandra precisava para notar que havia uma barreira muito maior no processo de ensino: autoestima dos jovens.
O que era um mera ideia ganhou forma. O garoto se uniu a outros colegas da mesma idade, Matheus Mendes, Paulo Giordan e Thaís Mariano – que há mais de um ano não faz mais parte da trupe –, para escrever, coletivamente, o livro. Sob orientação de Sandra, a história foi sendo escrita em um caderno a oito mãos durante três meses. O resultado foi a publicação O Segredo dos Amuletos, com 186 páginas. Uma história de aventura inspirada nos ídolos dos jovens na época, Happy Potter e Senhor dos Anéis.
“Muitas pessoas falam que a educação pública não dá certo, que o aluno não aprende e não quer aprender, que classes sociais não mudam. Eu não acredito nisso. Prefiro acreditar no meu trabalho”
Em 2009, por conta de uma melhora significativa das notas da escola, Sandra recebeu um bônus de R$ 4 mil pago, pelo Idesp e, “em vez de investir o dinheiro na troca do carro”, tirou mais R$ 1 mil do bolso para imprimir 1.000 exemplares do livro. “A publicação, a revisão e o tempo que gastei ajudaram a resgatar o amor e a autoestima da comunidade escolar. Servimos de exemplo para uma multidão de alunos da escola pública”, afirma. O sucesso do livro chegou a Secretaria de Estadual de Educação e a segunda publicação dos jovens, O Segredo dos Amuletos – Testando Todos os Limites, teve tiragem de 500 exemplares bancada pelo órgão e distribuída para salas de leitura de escolas públicas da cidade.Os autores já participaram de duas últimas bienais do livro, em São Paulo, e da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), no Rio de Janeiro. Atualmente, cursando o ensino médio como bolsistas em colégios privados, os jovens estão escrevendo o terceiro livro da série, que pretende atingir a dez edições. “Muitas pessoas falam que a educação pública não dá certo, que o aluno não aprende e não quer aprender, que classes sociais não mudam. Eu não acredito nisso. Prefiro acreditar no meu trabalho”, diz.
De volta ao berço
Casada e mãe de três filhos, há um ano, Sandra aceitou o cargo de coordenadora pedagógica na escola estadual Pedro de Moraes Victor, perto da casa onde mora, na zona norte de SP. O convite teve um gosto especial. Voltar ao seu berço de estudos: Sandra foi aluna do 1o ao último ano do ensino fundamental. Hoje, como coordenadora, afirma estar confiante e segura com seu novo projeto. “Quando cheguei, a biblioteca estava desativada e os alunos chamavam a escola de Pedro ‘Maloca’. É um novo desafio e que estou instigada a vencer. Quero levar luz a quem precisa, dar a mão a esses professores e seguirmos unidos para aumentar a autoestima dos jovens”, afirma.
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