Pequena Trabiju tem a melhor saúde do Brasil, segundo pesquisa
No Índice Firjan, de 0 a 1, desempenho neste setor é de 0,9997; população de 1,6 mil pessoas concorda e elogia atendimento
Celso Luis Gallo/ Tribuna
O prefeito Fabrício Vanzelli ressalta que a cidade precisa da ajuda das vizinhas; o índice só vem a somar e é ilusório (Mateus Rigola/Tribuna Impressa)
A pequena Trabiju, a 37 km de Araraquara, tem a melhor saúde pública do País, segundo o IFDM (Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal) de 2011, divulgado esta semana.
Um dos fatores é a pouca população — apenas 1,6 mil habitantes, segundo estimativa do IBGE para o ano passado.
Um dos fatores é a pouca população — apenas 1,6 mil habitantes, segundo estimativa do IBGE para o ano passado.
Para efeito de comparação, seria como dividir o município araraquarense (com 222 mil moradores) e os seus problemas de gestão por 138 vezes.
Em um índice que vai de 0 a 1, o desempenho de Trabiju na Saúde é de 0,9997. Na área, a Firjan avalia número de consultas pré-natal, mortes por causas indefinidas, mortes infantis por motivos evitáveis e internações por falta de eficiência na atenção básica.
Nas ruas da cidade, os moradores concordam que o setor é bem estruturado. “Sempre fui bem atendida. Tem médico e especialistas em boa parte do tempo. Toda vez que precisei durante a gestação do meu filho, a Prefeitura pagou os ultrassons”, diz a estudante Daniela Nobre Ferreira dos Santos, de 21 anos.
Outro fator que colabora para estar no topo da lista é a baixíssima mortalidade infantil (óbitos até um ano de idade entre mil nascidos vivos).
Segundo a secretária da Saúde, Carla Malkomes, o último caso ocorreu há mais de cinco anos e a média de partos é de 45 a 60 por ano.
Mesmo eles sendo feitos em Boa Esperança do Sul ou Araraquara, o registro vai para Trabiju, que não tem hospital, apenas um centro de saúde.
Nota 10
O vigia Ednaldo Pedreira da Conceição, 33, dá nota máxima para a saúde da cidade. “Tem remédio sempre à disposição e vários especialistas, como cardiologista. Só não tem um pronto-socorro”.
Se alguma urgência ocorre durante a noite, uma ambulância leva o paciente para Boa Esperança do Sul, a 7 km dali.
Para ele, o fato de ser uma cidade pequena ajuda a ficar no topo da lista, mas também “depende da gestão”.
A aposentada Elide Maria Igdele, 72, diz que não tem o que reclamar. “A saúde é boa. Sempre sou atendida rápido, quando preciso, e não falta remédio. O que tem está bom, porque é pouca gente”, diz.
Satisfação
O ex-prefeito Juca Tavoni (PMDB), que governava Trabiju em 2011, comemorou a notícia. “A gente fica satisfeito. É bom para quem dirige uma cidade. Foi um trabalho de equipe, de todo o pessoal. Temos uma estrutura na cidade que é capaz de atender 20 mil habitantes”, diz.
Segundo ele, a verba destinada pelo Fundo de Participação dos Municípios (FPM) é a mesma para Trabiju e para Rincão, por exemplo, devido à faixa populacional adotada. “As cidades pequenas vivem do FPM. O repasse acaba empatando e a gente leva vantagem, por ter menos habitantes”.
Tavoni também cita o primeiro lugar nacional em desenvolvimento social, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 2012.
O atual prefeito, Fabrício Donizetti Vanzelli (DEM), afirma que o trabalho continua para que o setor da saúde melhore na cidade. Segundo ele, hoje são 12 especialidades atendidas, os fisioterapeutas visitam o paciente em casa, são seis ambulâncias à disposição e, em breve, Trabiju também terá uma UTI Móvel.
Com cautela
De acordo com a secretária Carla Malkomes, depois de procurar o centro de saúde, a consulta é marcada em no máximo 60 dias. “Nosso foco é atender com qualidade a atenção básica e, se possível, investir na especialidade”.
Segundo ela, a primeira colocação não é tão comemorada pela Prefeitura, já que, se houver uma morte infantil, a cidade já cai várias posições. “Isso de ranquear e usar indicador é complexo. Com a sorte e com os investimentos de 2011 e de agora, se mantém esse índice. Mas não é uma boa avaliação para a gente”, conclui Carla.
Cidade traz novos especialistas
Trabiju também foi uma das contempladas com um médico cubano pelo programa “Mais Médicos”, do Governo Federal.
“A gente vai ter um médico morando no município. É muito bom para uma emergência. Vai ser o primeiro que vai morar aqui nos últimos tempos”, diz a secretária de Saúde, Carla Malkomes. “Trabiju teve uma sorte, porque o cara é muito bom. Estudou na Espanha, tem uma qualificação legal”, completa o prefeito Fabrício Vanzelli.
Além disso, 12 especialistas atendem hoje na cidade, em determinados dias da semana. Entre eles, clínicos gerais, pediatra, ginecologista e obstetrícia, cardiologista, ortopedista e oftalmologista.
No centro de saúde há uma sala de estabilização que dá o primeiro atendimento aos pacientes antes de serem levados a outras cidades, quando o caso é mais grave. “Somos exemplos a ser seguidos.
Também estamos equipando uma ambulância para ficar uma UTI Móvel dentro do município. É uma coisa que queremos e está para ser implantada”, afirma o prefeito
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