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quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

USINAS DE CANA DOBRAM A COGERAÇÃO DE ENERGIA



A moagem de cana-de-açúcar no Centro-Sul já está praticamente encerrada, mas algumas usinas continuam a produzir eletricidade a partir do bagaço e de outras biomassas. Conforme dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), entre 1 e 13 de janeiro, a cogeração com esse tipo de matéria-prima cresceu 107% no país, na comparação com igual intervalo de 2014. Foram 783 Megawatts (MW) médios no acumulado desse período, em torno de 90% produzido por usinas de cana. Apesar de robusta, a maior cogeração do setor pode não se sustentar ao longo das próximos meses. Em primeiro lugar, afirma Zilmar de Souza, consultor de bioenergia da Unica, porque o ritmo acelerado de janeiro está sendo sustentado por estoques de matéria-prima (bagaço, palha e entre outras) feitos pelas empresas no ano passado, quando os preços da energia no mercado à vista bateram o recorde de R$ 822 o MWh – que foi o teto em vigor até 2014 do Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), que serve de referência para o mercado livre do insumo.
Desde janeiro deste ano, passou a vigorar um novo teto, de R$ 388 o MWh, um desestímulo econômico ao setor, que estava adquirindo biomassa a custos mais elevados do que o usual, diante das oportunidades oferecidas por esse mercado em 2014. “Agora, quando esses estoques acabarem, as usinas vão parar a cogeração, fazer manutenção de equipamentos para retomar a moagem da próxima temporada”, observa. Assim, como a eletricidade produzida e
comercializada a partir de janeiro já está submetida ao novo teto do PLD, ainda é uma incógnita se, ao longo de
2015, as usinas se sentirão motivadas economicamente a continuar expandindo a produção. No ano passado, essa indústria comprou bagaço de terceiros, trouxe palha de cana do campo e adquiriu outros tipos de biomassa, como cavaco de madeira e até poda de árvores, para tentar produzir o máximo possível de eletricidade.

A despeito do aumento de capacidade instalada, a geração efetiva de 2015 vai depender de algumas condições, tais como oferta de cana, ganhos de eficiência energética das usinas, investimento em aproveitamento da palha e do preço da biomassa de terceiros. Essa questão, explica ele, está relacionada diretamente à viabilidade do
negócio, que é particular de usina para usina. Algumas mudanças nos leilões do mercado regulado, realizado pela Aneel, tendem a melhorar também a atratividade do negócio às usinas, conforme Souza. Atendendo à demanda do setor, o governo lançou um leilão exclusivo de biomassa que vai ocorrer em abril e para o qual foram cadastrados 40 projetos de biomassa, que somam capacidade de 2,067 mil MW.

(Fonte: Valor Econômico)

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